| Operha

Blog Operha

O que os ataques nos ensinam

 Voltar

O ataque a tiros ocorrido em 24/5/2022, em uma escola elementar no estado do Texas, é mais um dos muitos incidentes dessa natureza ocorrido nos Estados Unidos. Dessa vez, entre as vítimas fatais, estão 18 crianças. O evento já é considerado como o mais fatal dos EUA desde o massacre na escola Sandy Hook, em Connecticut, que deixou 26 pessoas mortas , sendo dessas 20 crianças. A história se repete: o atirador, de 18 anos e morto no ataque, aparentemente vivia uma vida normal e até o momento a polícia não descobriu o que motivou o ataque.

Dois pontos quero destacar inicialmente. Primeiro, aquelas pessoas antiarmamentistas, que em eventos como esse, se aproveitam para condenar o porte livre de armas. O segundo ponto a ser considerado, no meu pronto de vista, é mais importante do que o primeiro: onde estão os agressores, que por muitas vezes são considerados psicopatas. Vale ressaltar que um estudo internacional a respeito dos autores de ataques não mostrou sinais de psicopatia nos mesmos, mas sim de experiências de vida, como traumas, abusos ou outros fatores sociais, que podem ter desenvolvido um comportamento agressivo, sem sinais de doença mental.

 

 

A partir do momento em que não sabemos onde os possíveis autores de ataques se encontram, prova disso que vizinhos e familiares desses agressores relatam nunca ter havido percebido comportamento agressivos nos mesmos, fica praticamente impossível prever um ataque.

Fica então a pergunta: se o agressor desenvolveu um comportamento agressivo com a capacidade de elaborar meticulosamente um ataque a inocentes, não ter acesso a uma arma de fogo o impedirá de realizar o ataque? Fatos recentes respondem a pergunta. Não, mesmo sem o acesso a armas de fogo ele colocará seu plano em ação. Vamos a alguns exemplos recentes.

Em julho de 2016, na cidade de Nice, na França, um franco-tunisiano de 31 anos morador da própria cidade de Nice, avançou com um caminhão sobre diversas pessoas que estavam assistindo à queima de fogos em comemoração ao 14 de Julho, Dia da Bastilha. Após cerca de 2 km a polícia francesa matou o agressor a tiros. Nesses 2k, 84 vítimas fatais e dezenas de feridos. Um ataque impossível de ser previsto. A arma: um caminhão.

 

O ataque aconteceu no Promenade des Anglais, uma avenida à beira-mar, por volta das 22h30.

 

Em maio de 2021, em Saudades, SC, uma cidade com cerca de 10.000 habitates na região metropolitana de Chapecó, um jovem de 18 anos residente da própria cidade e de comportamento introvertido invadiu uma escola infantil armado com facas e atacou crianças e professoras. Três crianças e duas professoras morreram. Outras ficaram feridas. O agressor tentou se matar com golpes de faca mas foi contido e detido pela polícia. Na casa foram encontradas embalagens das facas, compradas pela internet. A polícia constatou, nas investigações, que o motivo que levou ao ataque foi ódio à sociedade geral e que o agressor tentou adquirir armas de fogo porém não conseguiu, o que não o impediu de planejar e executar o ataque.

 

Na manhã do dia 4 de maio, o jovem foi trabalhar normalmente. Depois, saiu no intervalo, foi para casa e se deslocou até a creche.

 
No dia 15 de abril, o que era para ser um dia de festa terminou em terror: duas explosões na Maratona de Boston às 14h40 duas bombas explodiram em meio à multidão que acompanhava os metros finais da maratona da cidade. Doze segundos e algumas dezenas de metros separaram a primeira explosão da segunda. Três pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas. Os autores, os irmãos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev passaram pela esquina da rua Gloucester com a avenida Boylston, em Boston. Cada um carregava uma mochila nas costas. Em cada mochila um panelas de pressão de seis litros de capacidade, recheadas com explosivos, peças de metal (como agulhas, pregos, pedaços de metal e rolamentos como os de skates). As duas bombas teriam sido deixadas próximo ao público que estava na linha de chegada da maratona. Mais uma vez a falta de uma arma de fogo não impediu o ataque.
 
Bombas detonadas em Boston foram feitas com panelas de pressão
 

Apresentado o ataque de hoje e relembrados ataques anteriores e constatada dificuldade em identificar na população um agressor bem como as diversas formas que o mesmo te de executar um ataque, fica a pergunta: o que podemos fazer?

A resposta é estarmos preparados sempre e em qualquer lugar para um evento dessa natureza. Se não formos uma vítima podemos ser responsáveis por salvar vidas. Em ataques como o de hoje, com armas de fogo, uma das maiores causas de marte é a perda grande e rápida de sangue, ou seja, uma hemorragia exsanguinante (hemorragia externa grave). Isso também ocorre normalmente com ataques com uso de facas (FAB-ferimento por arma branca) e também em explosões, com amputações totais ou parciais.

 

Vítimas dos atentados da Maratona de Boston estão no chão imediatamente após as explosões.

 

STOP THE BLEED
A criação do Consenso de Hartford foi motivada pela tragédia que ocorreu em 2012 em Sandy Hook e por mais uma sequência de desastres que surgiram nos anos seguintes. Ele foi convocado para reunir líderes das forças da lei, o governo federal e da comunidade médica para melhorar a sobrevivência de acidentes. As lesões resultantes destes acontecimentos geralmente apresentavam hemorragias graves que, se deixadas sem supervisão, poderiam resultar em morte.
Os participantes do Consenso de Hartford concluíram que, ao fornecer aos socorristas (policiais) e aos transeuntes civis, as habilidades e ferramentas básicas para parar o sangramento descontrolado em uma situação de emergência, vidas seriam salvas.
O primeiro programa de atendimento recebeu uma resposta muito boa e está sendo amplamente utilizado em todo o país. O próximo passo foi se concentrar nas necessidades dos espectadores civis.

 
 
Os civis precisam de treinamento básico em princípios de controle de sangramento, para que possam fornecer ajuda imediata na linha de frente até que os socorristas possam assumir o cuidado de uma pessoa ferida. Devido a muitas situações, pode haver um atraso entre o momento da lesão e o momento em que um socorrista está em cena. Sem intervenção civil nestas circunstâncias, ocorrerão mortes evitáveis. Nasceu aí o programa Stop the Bleed.
 

 

A Comissão Americana de Cirurgiões sobre Trauma lidera o esforço para salvar vidas. Ela ensina à população civil a fornecer resposta inicial vital a fim de parar o sangramento descontrolado em situações de emergência. Isso é realizado através do desenvolvimento de um programa abrangente e sustentável de educação e informação sobre o controle do sangramento, direcionado a civis. O objetivo é informar, educar e capacitar aproximadamente 300 milhões de cidadãos dos Estados Unidos.

Você pode aprender sobre o Stop the Bleed e ajudar a salvar vidas. Acesse o site e realize o treinamento on-line.

 
 
 
 

 

 

Fale Conosco

Precisa falar com a Operha?
Preencha o formulário abaixo e responderemos o mais breve possível.